DESDOBRAMENTOS 35mm
Foi de um
agrupamento de artistas e fotógrafos na última edição do Pinhole
Day 2025 promovido pelo NiL (Núcleo Imagem Latente), e dos
resultados obtidos na oficina da Casa de Fotografia, que surgiu a
ideia de uma mostra coletiva apresentando parte dos resultados
obtidos por cada um dos oito participantes. Para tanto,
complementando essa produção que inicialmente seria apenas com
imagens em preto e branco, o grupo procurou gerar uma nova série,
desta vez explorando também as cores. A unidade deste trabalho
coletivo está nas características naturais da câmera
estenopeica/pinhole, no uso de filme 35mm e principalmente na
construção/montagem dessa câmera, um modelo idealizado pelo
fotógrafo Dirceu Maués. Os oito fotógrafos exploraram, cada qual
ao seu modo, as diferentes possibilidades e visões, elevando assim a
imagem fotográfica para além do que é entendido como seu senso
comum.
Aqui, a fotografia assume uma identidade que não
é o de retratar a realidade, mas de reinventá-la, através da
interrogação e interação com os dispositivos que usamos para
visioná-la e imaginá-la. O dispositivo de captura ocupa, portanto,
um lugar central neste projeto: o corpo ergonômico da pequena câmera
compacta de 35 mm (com idealização e design do artista visual
Dirceu Maués) com que foram capturadas as imagens foi um eixo
central do evento. A comemoração do Dia Mundial da Fotografia com
Câmera de Orifício 2025 ("Pinhole Day") começou montando
as lâminas de MDF que, pre-cortadas por meio de laser e empilhadas
uma sobre a outra, deram forma ao corpo da câmera na qual se
colocaram as bobina dos filmes 35mm (vencidos, rebobinados e de
cinema).
Esta caraterística (câmera experimental em
teste, filmes vencidos e deslocados) formam parte do desafio
apresentado pelas imagens, essencialmente experimentais que aqui
apresentamos. Um elemento central das fotografias gambiarras,
experimentais, expandidas, das quais faz parte a prática do Pinhole,
é justamente sacar a imagem desse nicho de imediatismos e
automatismos em que nos programaram as câmeras dos nossos telefones
celulares. A obtenção de imagem é aqui, por definição, uma
provocação, um teste ao mesmo tempo conceitual e visual. A
precariedade, o desfoque, a sujeira, fazem parte dessa imagem
aparentemente precária mas, na verdade, desafiadora, na medida em
que o seu status é, eminentemente, o de uma aposta na formação,
captura e feitura da imagem. É nesse espírito que convidamos a
usufruir os desafios visuais que constituem esta mostra.
Cleber
Falieri e Adolfo Cifuentes
NiL (Núcleo Imagem Latente) e Espaço
f
Departamento de Fotografia EBA/UFMG